Na manhã desta sexta-feira, 16, o secretário de Estado da Justiça e Segurança Pública, Coronel José Carlos Corrêa de Souza, emitiu Portaria de Elogio ao médico-legista Pedro Artur Lobato Baptista e ao auxiliar de necropsia Agenor Morais Leite, servidores da Polícia Técnico-Científica do Amapá (Politec), pelos relevantes serviços prestados por ocasião da perícia desenvolvida no cadáver do indígena Emyra Wajãpi, ocorrida no dia 2 de agosto na aldeia Waiãpi.
“Esses nobres servidores públicos atuaram com esmero no desempenho de suas atribuições funcionais emitindo o laudo necroscópico circunstanciado, efetivamente elaborado, apresentando resposta célere para auxílio à elucidação do caso, que teve repercussão nacional e internacional”, diz o secretário Carlos Souza, na Portaria.
O laudo pericial emitido pela Politec e protocolado nessa quinta-feira, 15, na sede da Polícia Federal, em Macapá, aponta que o cacique morreu afogado. Com isso, a principal hipótese na investigação passa a ser morte acidental, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
Após o protocolo do documento, o médico-legista Pedro Artur Lobato Baptista, responsável pelo exame, reuniu-se com representantes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal para apresentar as conclusões da perícia.
Pedro Baptista detalhou o laudo dizendo que embora hajam sido verificadas lesões superficiais na região da cabeça do cacique, a ausência de hemorragia ou traumatismo craniano apontam que os ferimentos não seriam capazes de provocar sua morte. Para a perícia, as lesões são compatíveis com impacto provocado por queda.
O laudo descarta a hipótese inicial de assassinato: o corpo não apresentava traumas de qualquer natureza na região dorsal ou na genitália. Nem havia sinais indicativos de asfixia no pescoço ou lesões oculares. Foi afastada também a possibilidade de morte ocasionada por faca ou arma de fogo.
Operações terrestres e aéreas realizadas pela Polícia Federal, com apoio da Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública (Sejusp) não apontaram indícios da ocorrência de invasão ou garimpo ilegal nas terras indígenas.
Em que pese as informações iniciais alarmantes darem conta de uma suposta invasão de garimpeiros à terra indígena e sugerirem possível confronto com os índios, o que teria resultado na morte do cacique, o laudo não apontou tais circunstâncias.
O documento estima que a morte ocorreu entre os dias 21 e 23 de julho. O exame do tórax do indígena não evidenciou a existência de lesões penetrantes, desmentindo as primeiras notícias que davam conta de que a liderança teria sido atacada a facadas.